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Um breve panorama da literatura capixaba, com a Lívia

Um breve panorama da literatura capixaba, com a Lívia

Conversamos um pouco com a Lívia Corbellari, jornalista idealizadora do “Livros por Lívia” que acabou de lançar seu canal no YouTube

[texto escrito em 24/08/2020]

Quando pensava em criar o CACO, comecei a tentar consumir mais a arte capixaba. Tô longe de ser um expert ou um consumidor assíduo, mas comecei a entender melhor os problemas atuais da difusão da cultura no Espírito Santo. Temos projetos super bacanas, que merecem mais reconhecimento.

Um desses projetos que encontrei foi o “Livros por Lívia”, e sinceramente, me apaixonei pelo conteúdo. A Lívia faz resenhas dos livros que ela gosta – e muitos são capixabas. O projeto deu origem a vários outros ‘filhos’, como o seu canal no YouTube, lançado mais ou menos em maio deste ano.

Lívia migrou a plataforma de suas resenhas, mas continua com uma linguagem próxima, simples e que dá vontade de sair lendo tudo que ela recomenda.

CACO: Oi, Lívia! Que massa poder te conhecer. Conta pra gente um pouco mais sobre você, por favor?

Antes de tudo eu sou uma leitora, sempre gostei muito de ler e de escrever também, e nem digo escrever literatura, mas toda a forma de escrita, tanto que sou formada em jornalismo, então o texto está na base de tudo que eu faço. E foi o jornalismo que acabou me levando a criar o projeto “Livros por Lívia”, sempre me interessei pelo jornalismo cultural e trabalhei na área em algumas redações e logo quis criar a minha própria mídia.

O “Livros por Lívia” nasceu em 2013 como um blog de resenha e desde este começo o foco sempre foi a literatura contemporânea com uma atenção especial ao que era produzido aqui no Espírito Santo, que eu sempre achei que tinha pouco espaço nos jornais locais.

Além do projeto de resenhas, que hoje evoluiu para um canal no YouTube, produção de eventos e serviços de assessoria de imprensa para escritores, eu também sou escritora. Eu publiquei meu primeiro livro de poemas “carne viva” (editora Cousa), no final de 2019.

CACO: Qual foi o empurrãozinho da vida que te levou a fazer resenhas de livros capixabas?

O “Livros por Lívia” aborda a literatura contemporânea como um todo, falo de escritores e escritoras brasileiros, alemães, japoneses, tento sempre fazer uma curadoria bem diversa, até porque minhas leituras são bem diferentes entre si também. E dentro desse conteúdo eu acabo falando dos escritores e escritoras capixabas também porque foram livros que me interessaram também. Ainda percebo, em algumas pessoas, que o que é produzido aqui tem uma qualidade inferior, mas não é verdade, conheço escritores e escritoras capixabas maravilhosos, eu não faço distinção, meu único critério para resenhar é que o livro me afete de alguma forma.

CACO: Como você enxerga a literatura capixaba hoje? Para um escritor, publicar um livro no ES é difícil? Mesmo com eventos como as Bienais e outros espalhados pelo estado – como a ZAL -, ainda é preciso um espaço maior para divulgação? Como fazer as pessoas lerem capixabas?

A literatura produzida no Espírito Santo é muito diversa, tanto os escritores e escritoras quanto aos gêneros e estilos de narrativa, estamos em diálogo com a produção contemporânea brasileira. Além disso, temos editoras locais e independentes no estado que não devem nada a grandes editoras e produzem livros de muito qualidade, com edições, diagramação e capas muito bonitas. Quanto ao processo de publicação é o mesmo em todo lugar, é preciso entrar em contato com as editoras ou buscar financiamentos por meio de editais ou prêmios.

Quanto a divulgação, por trabalhar na área, sei que é um assunto mais complexo, mas percebo que no Brasil como um todo os espaços nos cadernos de cultura estão diminuindo. Tenho buscado cada vez mais sites e portais alternativos e independentes para divulgar os escritores com quem eu trabalho, a internet tem sido um espaço democrático para divulgar a literatura pois encontramos veículos especializados na área e com leitores e leitoras realmente interessados. Os perfis literários tanto no instagram/facebook e youtube também se tornaram grandes aliados nessa divulgação.

Acredito que o gargalo está na distribuição, pois essa é a parte que demanda um investimento maior da editora ou do próprio escritor. As taxas para vender os livros em livrarias são altas e muitos preferem não fechar acordos com livrarias e vender os livros por si só ou apenas nas lojas das editoras. Também fica mais difícil para um autor ou autora investir em viagens para lançar os livros em outras cidades ou estados ou até mesmo participar de eventos que são em locais mais distantes. Por aqui, nós temos vários eventos que são importantes para os escritores participarem, temos o Sarau da Barão, a Bienal Rubem Braga , a FLic (Festa Literária Capixaba) e recentemente eu comecei a produzir o meu próprio evento: a Zona Literária. Nós estreamos na programação do Viradão Vitória, em 2019, e acabamos de ser contemplados no edital de difusão literária da Secretaria de Cultura do Espírito Santo, para um festival literário de 3 dias, mas vamos aguardar a pandemia passar para iniciarmos a produção.

CACO: Agora, sobre a literatura no geral: quais são as suas maiores referências? Tanto para ler/escrever quanto para produzir conteúdo.

Eu gosto de ler de tudo um pouco, poesia, romances, ficção científica, contos, crônicas. Mas referências para escrita, eu tenho duas poetas que foram muito importantes na minha trajetória, a Ana Cristina Cesar e a Hilda Hilst. Também tenho como referência a Natalia Borges Polesso, Bernadette Lyra, Luci Collin, Alexandre Moraes, Murakami, Zambra, Angelica Freitas.

Para produção de conteúdo eu gosto muito dos perfis literários da Taizze, Camila e seus livros e LiteraTamy.

CACO: Quando uma pessoa tem ou cria o hábito de ler, quais são os pontos positivos na vida dela? Do mais simples ao mais complexo. Por exemplo, eu acho que melhora bastante a bagagem cultural, que vai de uma conversa simples até o exercício de criação – assim como consumir outras fontes de conhecimento/entretenimento.

Sim, isso tudo que você falou está correto. Mas para mim, o mais importante é conhecer outras realidades, quanto mais diversas as minha leituras são, mais empatia começo a criar com o outro. No começo, acabamos lendo muito homens, então comecei a procurar outras mulheres para ler, e foi uma mudança muito importante nas minha leituras, principalmente endo mulheres negras, vou descobrindo outras formas de narrar e outras realidades que talvez eu não teria contato se não fosse a literatura.

CACO: Para terminar: top 5 livros relacionados com top 5 momentos da vida?

  • Poeta que mudou minha vida: A teus pés – Ana Cristina Cesar
  • Livro que me salvou na pandemia: A mulher submersa – Mar Becker
  • Romance para dias loucos: Caçando Carneiros – Murakami
  • Leitura obrigatória: Olhos d´água – Conceição Evaristo
  • Ficção científica para refletir: Corpus Delicti – Juli Zeh

CACO: Quem quiser te assistir/ler/seguir, como faz?

Hoje tenho tudo mais concentrado no Instagram, mas também estou no YouTube e quem quiser comprar livros dos escritores que trabalham comigo – e o meu também rsrsrs – eu acabei de lançar uma lojinha virtual

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About Author

fecaliari

Nascido em Cachoeiro com verões em Marataízes, carnavais em Piúma e novas raízes em Vitória. Apaixonado por música e cinema. Publicitário especialista em Conteúdo e idealizador do CACO.