Rodrigo Stingnel espalha camaleões por Vitória

Quando me mudei pra Vitória, fazia tudo praticamente a pé: já tinha esse costume em Cachoeiro e não mudaria isso por aqui. Mas, alguns anos depois, a pandemia de Covid aconteceu e eu, lógico, acabei perdendo esse hábito de viver a cidade. Agora um novo projeto cultural nos convida a olhar e reparar mais a vida e os lugares ao nosso redor. São os Alfas, do @stingnel.lab.

O que são os Camaleões Urbanos

O projeto “Camaleões Urbanos” mistura escultura, fotografia e experimentação artística. Rodrigo brinca com cores, materiais e texturas para dar vida às pequenas esculturas de 6 cm de altura, que são espalhadas por lugares públicos de Vitória. Até o fim do ano serão espalhados 200 camaleões por toda a cidade, transformada em um grande museu a céu aberto.

Como funciona o projeto

Todos os camaleões trazem em seu verso um QR Code que leva ao mapa interativo do projeto, que mostra os pontos de instalação pela cidade. No Instagram @stingnel.lab é possível, também, acompanhar o processo do projeto, tanto criativo quanto produtivo – Rodrigo mostra as etapas de produção das esculturas, produzidas em resina e, às vezes, com plástico reciclado de tampinhas de garrafa PET. Massa, né?

Para tornar essas experimentações possíveis, o projeto tem apoio do Edital de Chamamento Público nº 004/2024, que integra a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) da Prefeitura de Vitória.

A visão do artista Rodrigo Stingnel

Em entrevista ao TVE Revista, Rodrigo fala mais sobre a ideia do projeto e sua trajetória como artista:

“Eu sempre fui nesse caminho da arte, mais no audiovisual, animação, motion. Mas sempre gostei da arte manual também e isso me faltava um pouco. Então eu comecei aulas de escultura – eu gosto de um estilo específico de escultura, que é a toy art, que os camaleões são. […] Por ser um animal que muda de cor, se adapta com o ambiente, eu pensei que seria uma escultura que casasse com o projeto. […] Minha ideia do camaleão foi colocar em lugares para as pessoas olharem para aquele lugar, não pro camaleão em si. O camaleão chama a atenção, mas chama a atenção [também] pro lugar. Então é como se eu direcionasse o olhar das pessoas para aquele olhar que eu também estava tendo no dia.”

Alguns estudiosos acreditam na ideia de que a arte só acontece quando há a interpretação do outro. Com os Alfas, Rodrigo transforma isso em uma via de muitas trocas: ele percebe um lugar da cidade, faz uma instalação artística ali, o público fica sabendo e vai à caça com um novo olhar. Depois, leva essa arte pra dentro de sua casa a coloca sob novas interpretações. É um ciclo que ao mesmo tempo democratiza o acesso à arte e reintegra as pessoas à sua cidade.

Natalia Manarte, que encontrou um Alfa em seu caminho, contou para ele: “O legal foi que você colocou em lados opostos do que eu costumo passar todo dia. Então foi uma experiência nova ir pelos outros lados das pontes”.

Sobre isso, Rodrigo comenta:

”Eu acho que a arte é o que me motiva a viver hoje em dia, é minha paixão. Mais do que um trabalho, ela é meu fôlego no dia a dia – produzir arte e que essa arte toque as pessoas de alguma forma. Mesmo que seja uma coisinha boba do dia a dia, tipo ‘ah, achei uma esculturinha no meio da rua’, mas que toque as pessoas de alguma forma.”

Como encontrar os Alfas em Vitória

A cada vez que Rodrigo espalha um Alfa pela cidade, ele posta um Story com a foto do camaleão e seu arredor. Depois de um tempo, a localização original do Alfa entra no mapa interativo do projeto. Se você for um sortudo que consiga achar um deles, pode levar pra casa! E quando olhar pra ele, lembre-se de também lançar novos olhares sobre seus arredores. 🙂

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